[...] O medo, a raiva e a ansiedade são na guerra as personagens principais, mas é o cansaço o verdadeiro protagonista. O cansaço é a pior coisa que há numa guerra. A fadiga do corpo, a fadiga da mente, a fadiga da própria vida, que nos aproxima tanto da morte que dir-se-ia uma tentação permanente.
Acho que se há heróis numa guerra, que lutam com desprezo da própria vida é porque estão demasiado exaustos para considerarem a vida uma coisa digna de apreço. Nesta exaustão completa, o próprio instinto de sobrevivência desaparece.
[...] A lama debaixo de mim molda-se lentamente aos contornos do meu corpo como uma coisa viva que quisesse absorver-me entrando por todos os interstícios da farda até se colar à pele. Quando me levantar estarei completamente enlameado de um lado do corpo e deslavado pela chuva do outro.
Sinto a primeira sensação de prazer de todo o dia; se não fosse uma raiz que me pressiona as costelas, poderia dizer que não me lembro de melhor conforto do que este.
[...]
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