28.1.12

Pássaros como que de fogo


"Soon, oh soon the light
Pass within and sooth this endless night"


Se eu pudesse levar algo de África, levava esta praia.
Quero levar, pelo menos, a memória de cá ter estado.
Daqui a pouco vai nascer o Sol. Um pouco antes, um homem chegará de bicicleta, abrirá aquele barraco e acenderá o fogo num destes bidões, e eu sentar-me-ei numa daquelas pedras e tomarei aqui o pequeno-almoço pela segunda vez. E será essa a minha despedida de África.
No momento de virar as costas o que pesa mais? A antecipação da saudade ou o receio de virmos a ser esquecidos? Partirei com o absurdo desejo de que as madrugadas da Praia das Chocas guardem uma boa memória de mim.
Eu encherei os olhos de luz e de mar e depois partirei. Atravessarei dois oceanos e jamais voltarei aqui.
Entristece-me pensar que um dia me terei esquecido disto, que tudo isto se desvanecerá como uma aguarela à chuva, e que por fim, ficará apenas uma memória duvidosa, como se não tivesse passado de algo com que sonhei.
As ostras não me sabem tão bem como da primeira vez; os prazeres premeditados perdem sempre sabor.
Quase, quase nasce o sol. Um bando de aves aproxima-se. Tão grande e denso que parece uma nuvem.
O sol demora a nascer e as ostras estão a acabar. É difícil viver segundo um guião. Queria apenas despedir-me de África, repetindo um dos melhores momentos que vivi aqui, mas parece que estou a posar para uma fotografia, a representar para um filme. Um prazer premeditado é como um crime premeditado, não tem a atenuante da paixão.
Parece que estou a decalcar um desenho para que fique bem marcado na minha memória. Para levar comigo. Para impedir que o tempo o apague facilmente. Porém sabe-me a falso; não é possível ser feliz seguindo um plano.
É possível estar distraído a desfrutar do prazer, é possível deslumbrarmo-nos com uma beleza inesperada, é possível a antecipação do prazer na imaginação, mas a felicidade é a acumulação do prazer na memória; só é possível em diferido.
O Sol parece estar a demorar a aparecer. Eu a poupar as ostras…
A nuvem de aves é enorme. Enormes as aves também. Flamingos!
Flamingos, numa fragilidade de esculturas de vidro soprado, numa delicadeza de branco e rosa, pousando com as suas pernas longas de inseto, na franja ondulante do Índico.
Continuam a chegar. A maré rasa da praia das Chocas entra em ebulição. Um rebuliço de vida.
Não dezenas, não centenas; muitos milhares de aves. Flamingos com o seu bico de colher a coar a tona da água. Muitos milhares de flamingos. Muitos milhares de colheres coando a água do mar. Eles com a cabeça de lado e depois com a colher do bico a retirar não sei o quê da água. E o Sol a prometer luz, ainda não o Sol, ainda não a luz, apenas uma promessa no azul quase prateado do céu, lá muito ao longe.
E finalmente o Sol!
Primeiro uma borbulha luminosa na linha da água, depois, em câmara lenta, uma explosão de ouro incandescente, incendiando os flamingos, ruborizando o cor-de-rosa em todos os cambiantes até ao carmim, até se tornarem chamas vivas à beira da praia, e transformando o mundo visível no que de mais glorioso me foi presenteado na vida.
Não voltarei aqui. Nunca mais voltarei aqui. Quero levar esta imagem comigo para usar num dia triste. Tenho a certeza que nunca mais verei nada assim. Só um dia o teu rosto. Num outro nascer do sol. Um nascer do sol sem mar, que na minha terra o sol nasce na serra. Sem flamingos. Sem pássaros de fogo.
Se a felicidade total fosse possível, estarias aqui comigo, estarias aqui e agora; mas nem te conheço ainda. Não sei se te encontrarei um dia para achar que faltam flamingos nesse outro nascer do Sol que há de vir.
Há quem se satisfaça por atribuir a autoria de momentos como este à inspiração artística de um criador magnífico, mas o meu êxtase, a minha epifania consiste em ter a certeza que a Natureza é como é, sem emoção nem beleza, sem memória nem criatividade, e somos nós que possuímos esses atributos. O humano milagre de criar e recriar o belo.
Não inventamos o belo apenas, olhando os ocasionais incidentes naturais, damos-lhe um propósito e uma persistência para além do momento corrente.
Nada disto seria mais do que um bando de pássaros a pousar na baixa-mar da praia das Chocas da Ilha de Moçambique se eu não sentisse já uma saudade a haver desta madrugada, se eu não sentisse já o prazer futuro da evocação deste momento, como um relâmpago vindo do passado, um sonho que a imaginação tornará vígil e lúcido como se tivesse acabado de acontecer. A memória da minha despedida de África tão vívida que parecerá uma invenção minha.
Há uns cinco meses atrás, à minha chegada a Lourenço Marques, fiquei deslumbrado com um nascer do sol nesta praia, enquanto comia ostras cruas com lima, mas entretanto fui acumulando os pesadelos de uma guerra. Uma guerra sem objetivo nem prazo. Uma guerra em ciclo vicioso. Uma guerra que não parece ser feita para ganhar nem para perder, apenas para aguentar o país em estado vegetativo. Um estado comatoso que mantém a morte em lume brando. A indústria nacional da matança, sem a desculpa sequer de um falso motivo. A matança como meio de vida. Como desígnio nacional.
E o que há cinco meses me pareceu deslumbrante não passaria hoje de uma pobre representação, sem a capacidade humana para a poesia e o deslumbramento que transforma as simples ocorrências, aleatórias e insignificativas, na gloriosa exuberância da Natureza.
De que é feita a poesia? De que são feitos os flamingos?
Aves transfiguradas pela imaginação. Como um sonho vivido em África, unindo para sempre este momento a todos os outros momentos em que a memória os evoque, e em que serei feliz hoje de novo amanhã e sempre que me recordar desta madrugada, como se o tempo decorrido não importasse. Um prazer diacrónico a que chamarei saudade se me faltar inspiração.
Um momento guardado em mim, que África me ofereceu depois de me ter tirado quase tudo, para me servir de alento enquanto não te conhecer e tiver que alimentar a esperança de vir a ser feliz, porque a felicidade é como uma conta corrente em que é preciso fazer créditos para levantar em dias de penúria.
Pássaros como que de vidro. Se os não tivesse visto modelar na feira da Moita de Anadia – o meu avô a contas com o cavalo enquanto a minha avó regateava um avental com uma freguesa – não os reconheceria agora. Eu maravilhado com a delicadeza daquelas mãos rudes ali ao lado a criarem beleza com vidro e fogo. E entre dois sopros de vida que davam alma ao vidro: "100 mil réis, ó freguês!"
Agora reconheço-os pousando na fímbria do mar com os seus passos desengonçados de inseto.
Pássaros como que de fogo. O teu rosto ao nascer do dia incendiará em mim de novo o rosa flamejante destas aves, e nos meus olhos, a luz dos teus terá a emoção desta praia de África no momento de partir, no momento de regressar a casa. E África para mim permanecerá para sempre feita de extremos: o terror e a exultação.
Pássaros como que de sonho. Enfeitando cada nascer do Sol de hoje em diante. O prazer de hoje de novo amanhã e o prazer de amanhã antecipado hoje.
E a beleza maior de todas, a alegria maior: o êxtase de ver a beleza noutro ser humano. Um ser como um reflexo de nós, mas já outro e sublimado, como se fossemos, eu Narciso perante o lago e tu a imagem divinizada no lago perante mim; mas sem a insipidez da solidão, sem a monotonia da clonagem. Com a diferença no outro; com o fascínio da alteridade. E tudo sem bom senso, sem parcimónia; na exuberância exultante da felicidade.
Em mim, já, o teu rosto a haver, a tua beleza ainda não conhecida. Apenas um prenúncio da felicidade futura. Esta madrugada sem ti, ganha por antecipação o prazer de te ver sorrir para mim, quando já tiver esquecido tudo isto, a não ser pelo que em mim permaneça na memória de te ter amado antecipadamente, quando um bando de aves pousou num assombro de beleza no meu último nascer do sol em África.
Vivemos permanentemente a dois tempos, recordando o passado e projetando o futuro, numa ubiquidade cronológica; onde estamos menos é no presente, que quando pensamos nele é fugidio, e ao tentar retê-lo, não fazemos mais do que vivê-lo em função do que dele nos haveremos de lembrar um dia, ou do que a nossa experiência passada nos habilitou a ver nele. Nós vivemos na nossa memória e na nossa imaginação, não nos nossos atos.
Mas sinto hoje intensamente que tudo se reunirá num êxtase – memória e imaginação, sonho e ato – quando sorrires para mim como o Sol pela madrugada. O sol a prometer luz, ainda não a luz, só a promessa da luz, como se a felicidade estivesse sempre a espreitar na linha do horizonte.
O momento corrente pode dar prazer, pode fazer-nos tombar de plenitude, mas não passará nunca de uma etapa para a felicidade. E a soma de todos esses momentos será a felicidade? Pelo menos foi o caminho.
E chegados ao último êxtase, virando a cabeça para trás, que vemos? Vemos que percorremos um longo caminho de busca. E que, afinal, caminhando chegámos a casa. E que, afinal, era isto que buscávamos, era sempre isto: a nossa casa.
Enquanto a não encontrámos procurámos sempre, e agora iremos habitar aqui. Podemos dizer sustendo as lágrimas: – Eras sempre tu. Tu és a minha casa e sempre que amei foi a ti.
E nessa altura seremos mais felizes, porque eu levo daqui, já um lastro de beleza ao teu encontro.

20.1.12

Bananeiras

As Águas - Mueda
Foto retirada daqui e posteriormente editada.
Texto de António Almeida
[...]
Relativamente perto das Bananeiras deu-se o reencontro com os homens vindos de Nancatary. Assim, suspendemos a picagem, já que a picada acabara de ser passada pelos recém-chegados de Nancatary, e mais aceleradamente, já todos quantos iriam assegurar a construção da ponte, rolamos para o local determinado que uma vez atingido, e porque naquelas paragens anoitecia muito cedo, toca a derrubar umas quantas árvores, de modo a melhor instalar o acampamento, atentos todos os dispositivos de segurança.
A queda de uma das árvores acabou por despoletar um enxame de abelhas, que rapidamente se espalhou pelo local tomado pelos militares e começou a atacá-los. O alvoroço de todos e o pânico de muitos, recorrendo a granadas de fumo, às próprias viaturas com os canos de escape a exalar fumos, fugindo para as respectivas cabines ou lançando-se para debaixo das mesmas, foi a forma encontrada para combater um tal “ataque”.
Entre os vários militares picados pelas abelhas um teve mesmo de ser evacuado, atenta a gravidade do seu estado de saúde.
Socorrido por um heli que logo foi chamado de Mueda, o ferido foi evacuado. Logo à chegada, a primeira baixa.
Terminado o ataque das abelhas, que trouxera à memória uma situação semelhante aquando da passagem, exactamente, pelo mesmo local, da coluna que trouxera, em 1972, muitos daqueles homens para Mueda e onde sofreram logo, num ataque, também de abelhas, a evacuação do seu primeiro elemento, um dos alferes, que não voltou mais à companhia. Mau agoiro, pensaram muitos.
Agora, todos ao trabalho, na montagem e organização do acampamento, com especial incidência na manutenção da segurança, porque a tarde apressadamente ia desaparecendo e a noite, a “noite de fim de ano”, rapidamente se aproximava.
Instalados, caída a noite, foi impossível não recordar passagens de ano anteriores, sobretudo algures em Portugal. Os homens da 3503 que haviam carregado algumas bebidas recolhidas na árvore de Natal que tinham “plantado” na sua camarata, por todos fizeram uma distribuição para que ninguém ficasse sem brindar ao ano que nasceria à meia-noite.
Chovia torrencialmente quando bateu a meia-noite e, desde gritos e vivas, a tiros para o ar, enfim, um barulho em pleno mato, impossível de controlar, foi a forma que os militares estacionados nas Bananeiras encontraram para festejar a chegada do novo ano, aliás, que seria o último para os homens da duas companhias de atiradores ali presentes, as Cart´s 3501 e 3503, tirando um ou outro homem que havia chegado em rendição individual, caso do capitão e que ainda estava no princípio da sua comissão, enquanto os demais, sem contar com o mata-bicho, isto é, mais uns três meses, terminariam a comissão nos primeiros dias, exactamente, do mês de Janeiro que estava a nascer.
[...]
Texto de António de Almeida
Ler texto completo aqui

8.1.12

Ana, vítima de guerra



"And I am not frightened of dying, any time will do, I Don't mind.
Why should I be frightened of dying?
There's no reason for it, you've gotta go sometime."

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Ana Rute disse-me que não é feliz.
A primeira reação íntima que tive foi a de não acreditar no
que me disse.
Uma jovem mulher de 26 anos, com um curso de enfermagem,
senhora de uma vivacidade a que o seu belo rosto empresta um inegável encanto,
olhando-me de frente e como se estivesse a falar de algo que toda a gente
deveria saber, diz-me que não é feliz.
Ana Rute é vítima da Guerra Colonial.
Quando a Ana nasceu já a guerra tinha acabado há muito, e
por isso, nenhum tiro, nenhum estilhaço, nenhum horror da guerra a pode ter
atingido, e no entanto a Ana é infeliz por causa da guerra.
Mas ela sabe o que são tiros, ela sabe o que são estilhaços,
e o que ela mais sabe é o que são os horrores da guerra.
Já sentiu o medo, já sentiu a ansiedade, já ouviu os gritos,
já acordou a meio da noite em sobressalto, já teve que se proteger para não ser
abatida, mas nunca fugiu. A Ana continua no seu posto tão contrariada como
todos os soldados que se veem obrigados a ficar no seu posto quanto todos
fogem.
Foi-lhe roubada a juventude como a todos os combatentes. Foi
adiando um relacionamento sério, porque um dever que lhe foi imposto não lhe
deixa espaço para os afetos. E hoje ao falar disso, parece um veterano a
queixar-se que às vezes a chamavam de maluca por deixar transparecer os seus
traumas.
Sim, a Ana Rute tem traumas de guerra. Traumas a que nenhuma
junta médica reconhecerá qualquer nexo de causalidade com o serviço militar e
muito menos com o teatro de guerra.
O estado, que tem dificuldade em aceitar que os seus
combatentes, que foram recrutados, mobilizados e massacrados no açougue da
guerra, sejam condignamente reconhecidos como vítimas desse processo todo e portadores de sequelas geradoras
de sofrimento, concedendo-lhes o estatuto de DFA, jamais aceitaria sequer a
hipótese de olhar a Ana como uma vítima também.
E no entanto, a Ana fez durante anos o que o estado deveria
ter feito. O que alguém deveria ter feito, mas ninguém fez: tratar do seu pai.
O seu pai tem 16 dos 17 sintomas que se usam para
diagnosticar a Perturbação Pós-Stress Traumático, em que 5 seriam suficientes
para um diagnóstico seguro, e a Ana tem sido vítima de todos esses sintomas.
A violência verbal e física em torno de si, a deserção, um a
um de todos os familiares, primeiro a mãe e depois os irmãos; e por fim,
indefesa, sozinha, convivendo dia e noite com a Guerra Colonial debaixo do
mesmo teto.
Os colegas da escola que lhe diziam que ela era maluca como
o pai e se afastavam. Uma professora que lhe disse em frente de todos que ela
não deveria poder frequentar a sua aula porque era filha de um combatente
maluco e era maluca também; a quem a Ana moveu um processo que resultou numa
simples chamada de atenção à professora e numa
reprovação para si, conforme tinha sido ameaçada. Os rapazes que se afastavam
dela com medo do pai. As festas a que não foi. O atraso na conclusão do curso
de enfermagem, o que
contribuiu para que agora não arranje colocação. E uma vida afetiva que foi
impossível paginar com este verdadeiro serviço de campanha numa missão pouco
menos que impossível.
Quando ela saiu do gabinete onde a recebi vieram-me à cabeça
as palavras que uma visitante do Facebook me enviou. "Não vives demasiado
no passado? Não devias procurar coisas alegres e esquecer a guerra?"
Ana Rute, uma jovem mulher que deveria viver nesse meu
futuro, onde supostamente haveria coisas alegres para procurar. E que me diz
que não é feliz, como eu digo que não sou alentejano: um facto indiscutível,
que toda a gente já sabe. Uma coisa que se diz embora se saiba que é óbvia e
consensual.
Mas a Ana não anda em busca de piedade ou de comiseração,
anda em busca de justiça e reconhecimento. Para o seu pai. Que ela, como todos
os lutadores, sabe que se se fizer justiça sairá recompensada.
O pai precisa de cuidados médicos especializados que não tem
por falta de dinheiro. Precisa de medicamentos que às vezes não compra por
falta de dinheiro, precisa de algum conforto para si
e para ela, que não obtém por falta de
dinheiro. É isso mesmo: tudo por falta de dinheiro.
E há coisas que a Ana não entende: se os médicos são
unânimes em afirmar que o pai sofre de uma doença que se apanha na guerra, como
podem as autoridades médicas militares dizerem que essa doença não tem relação
nenhuma, nem com a guerra onde ele combateu e que trouxe para casa, nem sequer
com o serviço militar? Eu bem tento explicar que se trata de um problema
processual, uma coisa burocrática, que o que é preciso é delinear uma
estratégia para tentar desenovelar isto tudo, mas a verdade é que também não
entendo.
Ana Rute é vítima da Guerra Colonial. Um dano colateral, um
dano diferido, mas uma vítima. E eu que deveria olhar mais para o presente do
que para o passado, em busca de coisas alegres, segundo a minha visitante do
Facebook, fico com a impressão que ganhei o dia, porque alguém me olhou nos
olhos com a coragem dos heróis e me disse: "Não sou feliz." Não como
um lamento, também não como se fosse eu a dizer que não sou alentejano. Não.
Foi uma declaração de quem se conhece e sabe o que quer. De quem está em guerra
e não vai baixar as armas. De quem está habituada a deixar pelo caminho os
desertores e os cobardes e que olha de frente as pessoas com quem lida para
saber se pode contar com elas.
Ana Rute, nós somos uma associação de combatentes, de sobreviventes,
de camaradas que depois da guerra ter acabado escolhemos continuar nela, porque
outros não conseguem sair dela; que conseguimos ainda assim ser felizes, pelo
menos alguns de nós, e continuar combatendo.
Enquanto houver uma jovem que nos diga que não é feliz por causa da
Guerra Colonial, nós também não esqueceremos esse passado de pesadelo, para ir em busca da fácil alegria do presente, e também não baixaremos as armas. Cada drama de um só de nós será um drama de todos. E a Ana Rute é um de nós.
Publicado no jornal Elo da ADFA