26.2.07

Desaparecido em Combate

Um dia há-de aparecer a boiar no rio Douro. Antes disso há-de ser feliz durante curtos espaços de tempo, agarrando-se à vida sempre que puder, como um alpinista que sobe dois metros e escorrega um.
Tem nome, tem família, mas agora é apenas uma farda suja que caminha à minha frente. Mal dá para ver que leva alguém lá dentro.
Um dia chamar-lhe-ão ex-combatente, deficiente militar, cacimbado, porque a história dele caminhará sempre alguns passos à sua frente, como agora faz ele em relação a mim.
[...]
Os tiros de todos os lados e os projécteis a estalarem no ar por cima da sua cabeça. Aquele som de chicote das balas a passarem a barreira do som. A fila da frente tomba e ele mergulha no capim. Rasteja, gatinha, corre, foge mata adentro. Sem saber se dos tiros, se do sorriso pegajoso da ordenança, se dos olhos mortiços do major, se do ar demasiado atencioso da mulher que fica em Mueda, enquanto ele tem que ir para o mato.
[...]

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