15.2.05

Paludismo

O vale de Miteda, visto de cima, é um oceano vegetal. Para qualquer lado que se olhe só se vê a mancha verde-musgo da floresta. Ao longe, a Norte, somente o Planalto dos Macondes quebra esta monotonia oceânica. Um pouco acima das copas das árvores passa uma silhueta de insecto, com a sua cabeça grande, os olhos enormes ocupando a cabeça toda e o corpo alongado. Não se vêm as asas, apenas um halo translúcido provocado pelo movimento do ar. Chama-se Alouette III e dirige-se solitário, para Sul. É estranho que vá tão baixo e ande tão tarde longe da base.

A humidade é tanta que custa a respirar. O ar tem uma espessura oleosa. Estamos encharcados como se tivesse chovido torrencialmente. Não tenho um centímetro quadrado do corpo seco. A paisagem dissolve-se vinte metros à nossa frente, onde a picada e a fila de soldados desaparecem no nada. Parece que caminhamos em direcção a um espelho embaciado que nos vai engolindo.

Posted by Hello

…O parasita do paludismo ataca primeiro o fígado e a pouco e pouco, destrói as células sanguíneas alimentando-se da hemoglobina dos glóbulos vermelhos, o que inibe a sua capacidade de transportarem oxigénio, provocando anemia e favorecendo a introdução de toxinas que provocam febres elevadas.
Depois de uma sucessão de várias horas de frio e de outras tantas de febres altas, segue-se uma fase de transpiração intensa que precede, nas ocorrências benignas, o fim da malária e que é acompanhada por uma sensação de alívio e bem-estar…

Ler o texto completo aqui