- Compram-se como todas as coisas.
Um livro é um bem de consumo, e quem compra livros passa pelo mesmo processo que qualquer outro consumidor, seja o que for que compra.
Um vegetariano dificilmente comprará um Big Mac, o meu tio Artur jamais compraria uma Coca-cola, não apenas porque já morreu, mas sobretudo porque para ele a frase de Salazar sobre o consumo do vinho era mais do que um slogan, mas um verdadeiro credo, ao qual ele acrescentava um tom poético: Desgraçados portugueses, filhos de um país vinícola, se se haviam de embebedar todos os dias, ainda censuram aqueles que cumprem patrioticamente o seu dever.
Bem… com um livro passa-se o mesmo. Quando um leitor passa pelas estantes de uma destas enormes catedrais de vendas que livro escolhe? Um enólogo comprará um livro sobre refrigerantes? O padre Melícias comprará o último livro de Catherine Millet? Não digo que não, poderão querer aferir o nível zero das suas preferências, ou, o que é muito mais interessante, talvez queiram dar uma espreitadela pelo buraco da fechadura da porta do inferno.
Se eu passasse num desses espaços não me sentiria atraído pelo título do livro de José Vale Ovelha "As Razões de Salazar", sobretudo porque o texto que o acompanha me remete para uma dieta alimentar que me anuncia más digestões; não que eu seja vegetariano, e me assuste com a trash-food da receita luso-colonialista, e das suas razões, sejam elas quais forem, ou se me contraiam os esfíncteres que nem um pároco sem a menor sombra de malícia perante o despudor pecaminoso de uma erecção serôdia do salazarismo, para não dizer de um rigor mortis.
Mas… podemos comprar um livro só para ver como nos explicam a quadratura do círculo ou desmentem o teorema de Pitágoras. A verdade é esta, pelo menos para mim: o exercício da escrita é como o sexo, o prazer do acto é que justifica o esforço. É por isso que vou comprar o livro que um amigo e seu autor me pede que aqui anuncie.
Uma boa leitura.
1 comentário:
Ao escrever este livro tive como principal método de trabalho a separação entre o regime salazarista praticado em Portugal e o patriotismo de Salazar nas questões relacionadas com a ex-África Portuguesa, espaço Luso que era considerado território português e que Salazar não admitia ser usurpado nem pelo comunismo soviético, nem pelo imperialismo americano, pois sabia bem que Portugal sem as Colónias ficaria reduzido a um espaço ínfimo num canto da Europa, da qual nunca obteve nem solidariedade, nem apoios financeiros significativos. E é nessa situação que o país se encontra, passados que são 35 anos do fim do Estado Novo, confirmando-se assim aquilo que o velho governante sempre quis evitar...ou seja a derrocada do Império Colonial Português
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