De António Almeida, Capitão Miliciano e Comandante da CART 3503.
Estava-se no fim do ano, no derradeiro trimestre e, como era já tradição, iria assistir-se a uma forte ofensiva da Frelimo. Os homens com quem agora compartilhava a sua vida, encontravam-se na fase derradeira da respectiva comissão. No mês de Janeiro próximo, completariam 24 meses de comissão, sempre em Mueda, o que era inédito e acabou talvez, por ser caso único.
Para obviar à escassez de homens, a direcção da guerra, em Nampula, reduziu o número de militares hospitalizados, com «altas» (doentes considerados já clinicamente aptos) que obrigou um grande número a seguir para as respectivas frentes de combate onde se situavam as suas companhias. A «companhia macaca» com alguns militares nesta situação, também viu o seu número crescer com a chegada de meia dúzia de militares que se encontravam há alguns meses no hospital de Nampula.
Um de entre eles se destacava. Há cerca de 10 meses que havia sido evacuado e voltava agora, coagido pelas decisões daqueles que viam em cada homem, um militar pronto a sacrificar-se pela guerra. Foi o comandante de Batalhão, o mais directo superior hierárquico do comandante da companhia quem lhe anunciou a chegada próxima daquele alferes e sugeriu logo, que o deveria integrar activamente como qualquer outro militar na realização das operações que a companhia era constantemente chamada a efectuar. O capitão facilmente pôde compreender que o regressado não gozava das simpatias daquele comandante. E, quando um comandante não gosta de um subalterno... a vida deste será dura.
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© António Almeida
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