Nunca
meu amor
odiei em Mueda
deram-me
demasiado iguais
amigos e inimigos
Sentados à noite
em redor do fogo
bebendo do mesmo vinho
que canto não nos uniria
onde o ladrar das armas
nos separou
Nunca
meu amor
amei em Mueda
estive sempre só
da minha alma para dentro
Ainda se ao menos
tivesse visto
alguém nascer em Mueda
mas o mais disponível que esteve
a graça divina
foi quando às vezes
ninguém morria
meu amor
odiei em Mueda
deram-me
demasiado iguais
amigos e inimigos
Sentados à noite
em redor do fogo
bebendo do mesmo vinho
que canto não nos uniria
onde o ladrar das armas
nos separou
Nunca
meu amor
amei em Mueda
estive sempre só
da minha alma para dentro
Ainda se ao menos
tivesse visto
alguém nascer em Mueda
mas o mais disponível que esteve
a graça divina
foi quando às vezes
ninguém morria
Queria
meu amor
levar-te a Mueda
para ouvirmos
o silêncio das armas
ao pôr-do-sol
e de manhã
à hora que a ignição da vida
acorda o Vale de Miteda
queria amar-te
meu amor
Queria amar-te
na humidade uterina da selva
que não estando ainda
deus disponível
pudéssemos ao menos
iniciar uma vida
onde tantas acabaram
Mas nunca
meu amor
nunca te amarei em Mueda
porque o amor
não germina
onde um homem
nunca viveu
e no entanto
matou
Fotos do ex-Capitão Miliciano António Pereira de Almeida
Último comandante da CART 3503
1 comentário:
Durante a minha profissional lidava com muitos textos, o que me levou a habituar-me a perceber o que tinha "pinta" ou não. O Manuel é um daqueles casos em que se vê, rápidamente, que tem "pinta". Obrigado, espero que continue.
João Coelho
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