14.3.06

O Cangalheiro

O Mistófles, como lhe chamam, talvez corrompendo o nome do agente do diabo do Fausto, não é uma personagem nova para mim; [...] Ontem com um bengalim de pau-preto – numa pose de estátua da arte de cava maconde, as esculturas de ébano que os indígenas fazem em série para a tropa – parecia uma alma penada que tivesse saído do cemitério para vir assistir à recepção aos checas; esse ritual estúpido que os soldados novatos passam gradualmente a achar interessante, num processo evolutivo, ou talvez deva dizer regressivo, que parece depender apenas da justa medida em que começam a sentir-se veteranos.

Atrás, o cemitério desleixado mostrava o respeito que se tem pelos mortos em Mueda.
A coluna avançava ainda mais lentamente então, por causa da multidão de soldados que nos recebia, aos apupos e aos insultos, como se fossemos condenados a caminho do cadafalso. – Ó checa cabrão, vai pró mato! – Checa é pior que turra! E o Mefistófoles, ele próprio, do seu poleiro, pontificando a execução.

Este é o meu primeiro dia em Mueda. Para já, o erro ortográfico é o único que me chama a atenção. Há medida que o tempo for passando, hei-de por certo, encontrar erros mais importantes. [...]

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