8.7.06

Não Dei Pela Noite Cair

Não dei pela noite cair, pela cor a desbotar-se primeiro no céu e depois na superfície de todas as coisas, tornando-as mais suaves, como se o dia se sentisse cansado. O reóstato do Sol a baixar a luz lentamente como acontece nas salas de cinema a fim de prepararmos a nossa atenção para coisas mais ligadas à mente que ao corpo. Não dei pela mudança dos sons à minha volta que foram perdendo a estridência e lentamente se foram tornando mais íntimos até parecerem confidências proferidas exclusivamente para nós das profundezas da mata virgem.
Quando dei por mim, estava deitado de barriga para o ar e não me lembro sequer de ter passado a palavra, "Grande alto", que me deveria advertir que iríamos parar para dormir, nem me lembro da fila de soldados a parar e a caírem de cansaço cada um para seu lado, não como se fossem dormir, mas como se tivessem sido abatidos a tiro, um a um.

[...]
Eu sei que quando lá chegarmos, não encontraremos lá ninguém, felizmente, e que só teremos que destruir com granadas de mão, meia dúzia de palhotas no meio do mato. Entraremos protegidos pelo fogo cerrado e largaremos as granadas que destruirão as palhotas.
[...] atravessaremos a aldeia maconde e não ficará nada de pé, não deixaremos nada de útil para trás e eu ainda hei-de levar comigo as imagens, como troféus ignominiosos da nossa destruição.

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