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Lá do fundo do vale ouvem-se em resposta uns estampidos de morteiro 82 igualmente inúteis. Todas as guerras são estúpidas, mas quando se disparam obuses e morteiros só para cumprir uma formalidade – a formalidade da violência institucional, que é a guerra – a estupidez atinge níveis de difícil classificação. Os putos continuam o jogo, imperturbáveis – por certo tão habituados àquele tiroteio como se ele não passasse de um mero fogo de artifício
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Procuro aqui em Mueda, com o enquadramento da máquina a grande fonte de arco de ferro do Largo da minha terra, onde, anos mais tarde, tanto encostava, às Sextas a carrinha da biblioteca, como às Terças a carrinha do peixe; só que a carrinha do peixe buzinava e a da biblioteca não; mas apenas encontro um amontoado de sucata que há-de ter sido um Hunimog antes de pisar uma mina.
Não sei porque me lembro sempre da minha mãe a regar as sardinheiras quando me vêm à cabeça estes jogos de futebol no largo da minha aldeia e a biblioteca itinerante em que o Professor atendia os seus leitores, tão convencido da nossa dedicação que não achava necessário buzinar como o peixeiro – Onde bais co essa gabela de libros? e eu a responder, fugindo à questão novamente, dez anos depois – As rosas cheiram melhor mãe, isso são flores de pobre. –Olha que nos libros do coléijo no pegas tu, retorquia ela melindrada como sempre, com a minha falta de sensibilidade.
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Ouça o Menino do Bairro Negro de Zeca Afonso aqui
1 comentário:
best regards, nice info »
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